18 dezembro 2007

Tudo o mais que ainda escapa!

“Entretinha-se a contar os dias que faltavam para a ‘Festa dos Rapazes’. O Janeiro fizera-se anunciar geadeiro com um mês de antecedência e já se friavam as mãos quando a neve começou a cair. Os primeiros flocos estouravam quase ao mesmo tempo que ela se materializava. Que se materializava no juízo dele porque, não fora isso, ela era apenas uma miragem que se entretinha a moer-lhe o juízo, ou de forma mais prosaica, a atazanar-lhe as ideias e a tolher-lhe as vontades. Enfim a prendê-lo a um novo costume que, podendo interessar, padecia de alguns conformes, mesmo que a ideia de um mistério amaciasse os unguentos enquanto o espírito discorria já na terra fria e no equinócio que tardava em fazer-se anunciar. Mais uns dias e seria o Inverno a ditar sentenças aconchegado por umas febras bisaras e um néctar da parte superior do rio do ouro. Seriam outros tempos os que se anunciavam. Porventura que sim mas havia um tudo o mais que “ainda escapa”, dissera ela numa daquelas aparições quase a contento do espírito dele. O tudo mais é que o atiçava. E o quase murmúrio com que aludira ao burgo velho dera-lhe um resquício de qualquer coisa. Havia de haver um mais logo, um depois e um durante até que se lhe atinasse o esboço. Por ora iam sendo tempos de ‘Virar de Século’.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ainda falta muito para lá chegares! Insiste e pode ser que ...

Anónimo disse...

ag, afinal tu sabes e percebeste!

Anónimo disse...

a.a. "A verdadeira maneira de se enganar é julgar-se mais sabido que os outros"(F.Duque La Rochefoucauld).
Pouco ou quase nada sei. E o sobre o que sei, tão cedo não o direi!

jts

Anónimo disse...

não engano ninguém. nem a mim próprio. devias saber isso. levas com o ag postado.