30 setembro 2007

Sofia!!!


Conheço-te daqui. Destas tardes de fim de verão em que aparecias sorridente e vaporosa na pujança viçosa duma juventude indolente perante um Verão cheio de desconhecidos que te atazanavam e de como me surpreendeste quando quiseste vir. Lembras-te dos Amigos? Do que ouvias, de como rias, como os teus dias passavam rápidos e de como te enchias de felicidade com as mais pequenas coisas? E de como eu invejava os teus chocolates, que metias naquelas caixas que construías com as tuas próprias mãos? As mesmas que me acariciavam e que me enchiam de mimos e ternura? Lembras-te das coisas simples e das simpatias que trocávamos, como os saldos dos Optimus para mitigar a solidão de quem estando perto fica tão longe? Lembras-te disso, Sofia? E, de mim, lembras-te? Da tarde em que zarpei e dos dias em que me procuraste sem eu querer ser encontrado? E de Ourense também te lembras? Lembrei-me disto tudo. Hoje. Agora. Enquanto arrumo os discos e me lembro deles todos e do meu sótão e do meu sofá e da minha cama e da minha cozinha e das minhas escadas. Ah! Se me lembro. De como te rias por tudo e por nada, de como corrias, de como sonhavas e tudo te deixava feliz. E de como te invejava porque eras incomensuravelmente jovem, sensível, dedicada e atenta. Sofia! Terna Sofia, que é feito de ti por estes dias em que o Outono me volta a atormentar e já não te tenho para me serenar nestes dias em que a chuva bate nas telhas e por baixo ninguém se aconchega por entre um rasgo de luminosidade? Lembras-te da neve e destas alvoradas plenas de encantos e de como calcorreamos aquelas calçadas, de mão dada com papéis trocados, eu, um puto, tu mulher adulta? E dos passeios em torno do Benquerença, lembras-te? Eu lembro. Lembro e lamento-o, de cada vez que a chuva me atormenta.

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