28 outubro 2007

Puta que pariu!

Todos os partidos prometeram, aquando das últimas eleições legislativas referendar o projecto de constituição europeia. Diga-se em abono da verdade que não sou um grande adepto dos referendos. Temos 230 deputados que produzem leis estapafúrdias, estranhas, em defesa de interesses partidários (como a proibição de publicação de escutas telefónicas, mesmo após o julgamento, que na maior parte das vezes é publico) e cuja produtividade é, no geral, escassa. Tipos bem remunerados, que podem efectivamente decidir certas, e só certas, coisas. Quando transferimos soberania para a União Europeia já temos que pensar. Mas isso não me dói, o que dói é o esquema da aprovação comunitário e o negócio das duplas maiorias. Lá vamos nós para os ditames de uma comissão que ninguém elegeu e sobremodo, naufragar à vista do que foi o projecto europeu idealizado pelos fundadores. Um país, um voto. E ninguém quer referendar uma coisa que na prática leva que outros países decidam como eu hei-de viver. Como alguém dizia na imprensa de ontem, o melhor mesmo é referendar esta ideia de União Europeia. E como a ganância no nosso empresariado, a mesquinhez dos nossos autarcas e a estupidez dos nossos governantes nos levaram a desperdiçar milhares de milhões de euros sem que o desenvolvimento chegasse, ao contrário da vizinha Espanha (e como me custa dizer isto), devemos mesmo referendar a participação no projecto europeu. Aliás a única coisa boa que o tratado do Sócrates e de Lisboa trouxe, a previsão de países que queiram sair. E nisto a Dinamarca já foi pioneira. Agora, de posse dos jornais desta manha lê-se que os administradores do Banco de Portugal, que como diz a tutela não é uma instituição de crédito, receberam, resta saber em que condições, empréstimos. E tudo com o beneplácito de quem manda nesta jorda de país, que podia ser um lugar decente habitado por gente capaz não fora a burrice de quem nos governa e a estupidez de quem escolhe esta gente para governantes. As escutas, o referendo e os empréstimos do Banco de Portugal mostram bem a génese do nosso caminho futuro. A uns tudo a outros nada, com a ressalva de que aqueles que levam nada têm que continuar a pagar impostos, taxas e taxinhas para que esta gente nos desgoverne. Puta que pariu!

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